Caio Bonfim conquista o bicampeonato do circuito mundial de marcha atlética
Atual número 1 do ranking sul-americano sub-20, atleta do Distrito Federal fechou a prova com o tempo de 48s38
A história registra vários relatos de grandes talentos do esporte descobertos casualmente por treinadores atentos. Não é o caso de Vinícius Moura Galeno, do Distrito Federal. Não que ele não seja um grande atleta. Tanto é que ganhou o ouro nos 400m dos Jogos da Juventude Aracaju 2022, realizados na Vila Olímpica da Unit, com autoridade e um tempo de 48s38. Mas neste caso específico, foi ele quem encontrou o técnico, João Sena Bonfim.
“Eu enchi o saco dos meus pais porque queria ser atleta, queria treinar”, revela Vinícius. Um telefonema para a Confederação Brasileira de Atletismo ajudou. “Eles me informaram que a estrutura de treinamento mais próxima para mim estava a 20km da minha casa. Fui pra lá e comecei a treinar à noite, numa atividade que tinha para a terceira idade”, lembra.
Não parou até hoje. “Corre nas minhas veias a vontade de ser campeão. Eu quero bater o recorde mundial do (norueguês) Karsten Warholm (45.94). E também quero correr abaixo dos 43 segundos um dia, um feito que não foi alcançado. Mas para viver o que ninguém viveu, tem que fazer o que ninguém fez”, pondera.
Atual número 1 do ranking sul-americano sub-20 (sendo que ele ainda pertence à categoria sub-18), Vinícius é querido pelos adversários e até parece celebridade entre os outros atletas. “É bom passar essa impressão para todo mundo. Eu treino duro, mas claro que tenho minhas brincadeiras. Ninguém é de ferro!”, diz.
E pensar que tudo começou por causa de uma bicicleta. “Sou de Planaltina, minha família é simples. E haveria uma competição para crianças com uma bicicleta de prêmio. Lembro que no dia chovia muito. E com aquela chuva o ônibus ia atrasar e eu não conseguiria chegar a tempo. Tinha acordado às 5h. Minha família toda é muito religiosa, eu cresci na Igreja. E lembro de rezar para parar de chover. E parou. Pegamos o ônibus tranquilos. Detalhe: voltamos com a bicicleta dentro do ônibus. E com a medalha no peito!”, ri. “Foi o dia que mudou minha vida. Quando eu tive a sensação do que é ser campeão.”
A bicicleta já não existe mais, mas o atletismo ficou. “Treino muito, eu gosto. Segunda, quarta e sexta eu treino um total de cinco horas. Terças e quintas são três horas”, revela. E no fim de semana tem descanso? “Não. Vou pro clube correr fundo. Faço uns 7km, me ajuda na resistência pulmonar. Para poder fazer essas gracinhas na chegada, né?”, brinca.